Sobre o estado, assasinato e democracia

 


Por  milênios o homem buscou explicações de onde seria oriundo o poder do estado sobre as vidas individuais de seus co-participantes. Partindo da pergunta do porque a sociedade humana se organiza em dinamicas de castas e autoridades, alguns filósofos deram suas respostas; Thomas Hobbes, inferiu que sem um poder gestor central - estado - o homem viveria em guerra perpétua com seus semelhantes, em nome da sobreviência, e, deu prefêrencia para o poder dos reis. Já John Locke, argumentou que a propriedade privada era fundamental para a paz e o bom funcionamento da sociedade em geral, por isso e para representar os donos das posses, a distribuição da terra tinha que ser reorganizada, pois havia uma nova classe social surgindo naquele momento do século dezoito inglês, a burguesia.

A burguesia demandava representação política, estava cansada de ter seus interesses, principalmente economicos, subjulgados pela aristrocracia. Com a sucessivas revoluções, a burguesia alcançou seu lugar de importância no jogo político, conseguiu com que o grande dogma dos reis caisse por terra e fosse substituido pela representação proporcional de deputados e conselhos. Mas isso não amenizou os problemas da politica em geral, que são os perigos do poder e a corrupção. 

Dividindo-se o jogo politico por meio de partidos, criou-se a necessidade de se haver diálogos entre adversários e ideais discordantes, foi quando os grandes proponentes da Democracia, nominalmente Locke, Rosseau e Voltaire, surgiram, argumentando que a época de decaptações, guerras e violência do homem contra o homem havia passado. Agora deveriámos nos comportar civilizadamente, nos reunindo em um ambiente propício para o debate político, uma casa do povo, assim como os gregos faziam em seus primórdios, a democracia, poder de voto e do povo, seria o caminho da properidade dos povos e também da paz.

Mas valhe a pena aqui lembrar que os gregos, ditos pais do ideal democrático, não tinham uma visão ampla do conceito de democracia propriamente dito. Platão e Aristóteles, discordavam em muitos assuntos, mas eram de acordo que um regime que levasse em consideração a voz do povo e permitisse a participação do povo, estaria fadado ao fracasso.

Ambos defendiam, em linhas gerais, que o homem político, teria que ser treinado para a vida política, tendo que estudar para isso desde seus primeiros anos de vida, a política para os gregos seria lugar habitado somente pelos esclarecidos, e nem todos de um povo poderiam participar do processo politico.

Foi somente após as práticas de ideais iluministas e liberais que o conceito de democracia tomou a forma que conhecemos, com o conceito de representatividade ganhando mais força, mas como disse a democracia ainda não é o salvamento de todas as mazelas da problemática da governança.

Com a criação do conceito de Contrato Social, delineado por Rosseau, o poder politico maquiou sua cariteristica mais distinta: A de que nenhum estado, nasceu por convenção e acordo pacífico entre seus membros constituintes, mas veio sim da conquista de territórios, do saque, das guerras e da submissão de outros povos mais fracos por povos mais fortes.

E isso é muito fácil de ser conferido empiricamente, por meio de registros dos grandes impérios, nominalmente o romano, o otomano, o hunico, o mongol (que quase obliterou o Japão) e tantos outros.

O contrato social de Rosseau é uma fábila criada para justificar o poder de morte de qualquer estado que qualquer estado obtem sobre a vida de seus habitantes.

As fronteiras, são criadas por meio da guerra e da morte e a ordem doméstica de qualquer estado está tacitamente preparada para lidar com dissidentes.

Maquiável foi um dos únicos filósofos que não esconderam a verdadeira natureza de qualquer formação de um estado unificado, assim ele disse em seu ''Principe'':

'' É necessário que aquele que estabelece um Estado e estabelece leis para ele pressuponha que todos os homens são maus e que sempre agirão de acordo com a maldade de seus espíritos sempre que tiverem liberdade de ação''.    

Se os seres humanos são maus, como diz Maquiável, o estado deve subjulgá-los com as leis, e se não se subjulgarem, o governante deve conquistá-los com a força das armas, porque é melhor ser temido do que amado. 
Mas se os homens são inerentemente maus, assim como argumentava Hobbes, o governate e principe - rei, não seria ele mau também, já que também é homem como os outros? Então porque dar poder ao homem se ele é mau? fica ai a reflexão.
Se o estado tem a permissão de decidir sobre a vida e morte de seus componentes, é claro que a eliminação de ameaças, sejam elas domésticas ou internacionais é justificada; a legalização do assasinato.
Então chegamos ao grande cerne da questão, elegemos por meio da democracia, nossos representantes, esses representantes formam o governo de nosso país, neles estão concentrados os poderes de legislador, juri e executor, maquiados pela divisão de poderes não mais tão clássica. enquanto eles lutam entre si para ver quem tem mais poder e influência, o povo comum é esquecido, se este povo se revolta é punido, e, provalvelmente se alguns poucos bons mandatários da classe política se revoltam também são apagados da existência.
Um jogo mafioso é criado, onde a batalha por poder e inflência não tem fim, isso nada lembra a política grega, da paz e da boa formação do homem. A política e a democracia moderna que na sua verdadeira tradução do grego diz, poder da maioria e não ''poder do povo'', está envolta em vicios de compadrio e má atuação dos nossos representantes, onde se criticados não titubeiam em usar seu poder de polícia para punir os descordantes.
Um sistema que restringe a crítica da população aos governantes, ao modelo de governo e similares nunca pode dar certo, e não é surpresa que assasine ativistas que se opõe a ele.
Não importa quantas constituições golpistas e autoritárias se assinem por meio de mão enrrugadas acostumadas ao poder, nunca seremos uma grande nação se os nosso direitos não passarem de uma concessão amistosa dos poderosos onde, os podemos perder se os madatários se servirem de seu bel prazer. Isto posto, parabenizo o Brasil pelos  200 anos de sua primeira constituição, que não é menos, emblématica, confusa e autoritária do que as demais outras. 


Parabéns.  




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