A lei do desejo: O desejo não segue leis


 


Pedro Almodovar é para mim o maior diretor de cinema espanhol, por tocar em temas sempre complexos e delicados, mas sem medo, sempre de forma arrojada. O filme foi lançado em 1987 e trata sobre o amor. A natureza do amor em suma, o amor não obedece regras, o amor é selvagem, implacável uma força da natureza é uma paixão desenfreada. 

Pablo, o personagem principal do filme é um bem suscedido diretor de cinema, que está trabalhando em seu novo projeto, uma nova peça e um novo filme; ele tem um relacionamento com Juan um rapaz muito mais jovem, modelo e que quer que Pablo lhe dê uma chance para se tornar ator. Os dois brigam e Juan se separa de Pablo e vai morar com sua família no interior da Espanha. Pablo ainda é apaixonado por Juan mas sofre com carencias, por isso se envolve com um fã, chamado Antonio. Mas Antonio não é homossexual, ele nunca havia tido uma experiencia homossexual, mas sua admiração por Pablo é muito grande e eke acaba se entregando aos braços de Pablo e se descobre apaixonado por ele após sua noite de amor.

Isso demonstra que o amor é efemero e mutavel, nos apaixonamos e desapaixonamos quiça muito rapidamente, uma noite é o suficiente para fazer o amor romantico (ou nesse caso, instantâneo nascer)?

Talvez seja necessário aqui separar o conceito de paixão do conceito de amor. Paixão seria então o começo do fogaréu, a pequena chama que queima intensamente, mas para por exemplo manter-se um fogo acesso é necessário a constância. E é a partir dessa constância que nasse o amor.

Então a paixão precede o amor, Antonio sente por Pablo uma paixão avassaladora, incontrolável, mas Pablo ainda ama Juan apesar de tudo. Pessoas que controlam suas paixões como nos recomenda os flilósofos gregos, devem saber que quando a pessoa que nós nos apaixonamos ama outro, é praticamente uma causa perdida, não dá para forçar o amor em algúem que já tem o coração guardado para o outro, mas ao contrário dessa percepção, Antonio tenta convencer Pablo de que ele é seu verdadeiro amor e não Juan e quando não obtém exito, decide eliminar o concorrente, causando com que Pablo e ele sejam investigados pelo assasinato e tenham suas vidas mudadas para sempre.

Tem que se ter muito cuidado com as paixões da vida, temos que justificar nossas paixões para que elas nos façam sentido e nos confortem. Qualquer paixão pode vir a ser um vício como a ética grega bem nos demonstra pelo seu conceito de medida, O que está na medida é louvavél, o que passa da medida se torna condenável, um conceito até simples mas que não parece ser muito bem seguido até hoje. 

A paixão não é uma via de mão dupla, ela pode ser sentida por uma só parte e então ela se torna angustia, e só uma boa autoestima, me permito aqui usar o termo ''amor egoista'' pode combater uma paixão não respondida.

Afinal, se me amo, porque irei me sacrificar por alguém que não me ama? é irracional, mas no conjunto completo da obra o amor é irracional?

Posso explicar objetivamente por que amo tal pessoa, mas nunca devemos esperar que ela nos ame igualmente, porque não somos donos do outro, só em certa medida de nós mesmos.

O amor verdadeiro eu não conheço, mas conheço o primordial construto de uma boa relação: confiança

Mas confiarei como cesar ou serei mais sagaz? Digo que deve-se confiar como Aleixandre o grande, com um sorisso no rosto e uma espada na mão, pois nunca saberemos o que o outro deseja, e o desejo perverso não tem limites e nem segue regras como mostra o filme de Almodovar. 

Nem o amor familiar é fixo, pois a irmã de Pablo é transexual, namorou uma mulher, e adotou uma garota. Reitero que de fixo, só as leis da natureza, as relações humanas são intepestivas e caóticas e devemos agir com cautela, ou poderemos ser a proxima vitima da brevidade da vida. 

Em suma o filme lida com o conceito de desejo humano e o que desejamos no nosso mais profundo amâgo só nos sabemos. E todo ser humano deseja algo, e se o desejo não é racional pode-se a vir a ter pessoas que façam de tudo para realizar seus desejos, como no caso de Antonio.

Desejar em si não é mal, é inclusive uma condição necessária para nossa sobrevivencia no dia dia, é o desejo que dá muitas vezes objetividade a uma ação. Em resumo o querer é a força motriz da ação humana, e razão deve contrabalancer o desejo, ditando as leis que este deve seguir, só assim podemos ter uma vida feliz. 

 


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