Meditações de Marco Aurélio: Como governar os outros e a Si mesmo

Aceitar a vida como ela é parece ser um processo muito arduo e complicado, pois é da natureza aparente do ser humano sempre querer melhorar seu estado no mundo, e que ele seja tanto melhor que o seu estado anterior, mas as vezes não nós é possivel modificar nosso estado tão rapidamente quanto gostariamos e, ainda mais, precisamos passar por uma serie de infortunios para melhorar o nosso estado, o que nos deixa pensando se valhe o determinado sacrifício. O sacrifício é altamente necessário na vida, pois não podemos obter tudo no momento que queremos, todos os homens são limitados pelo tempo em que vivem, mesmo os mais abastados. E então, o que fazer com o tempo em que não conseguimos concretizar nossos sonhos de imediato? A resposta é ter paciencia e preparo, todas as mentes humanas precisam do pensar, da austeridade da razão, pois, nós funcionamos mediante a razão e para a supremacia do pensamento racional. Para essa primazia do pensamento racional precisamos da autarxia (paz da alma), pois a alma é parte do espirito que é contraparte da razão. Não é muito raro nos vermos em momentos em que nos sentimos ''sem saida'' ou ''encurralados'', mas como superar as adversidades e, ademais em momentos decisivos tomarmos as decisões corretas? Para isso, a resposta é simples, devemos pensar com serenidade e clareza. Os não acostumados a filosofia dizem que o pensamento estóico é um pensamento que ''nos ensina a sofrer'', mas em verdade o pensamento estóico nos ensina a viver a vida como ela é, toda vida é uma história a ser escrita; começamos infantes, com o ambiente ao nosso redor a nos influenciar, depois crescemos e tomamos nosso próprio caminho, ou tomamos as redeas de nossas próprias decisões, e no mesmo passar do tempo nossas experiencias vividas em conformidade preenchem e formam nosso sentido de razão. As experiencias boas nos dão força de vontade de continuar a viver, pois nos mostram que a vida é bela; já as más lembranças nos mostram que ela é dificil e de dificil travessia, mas perseverança é a palavra chave que a filosofia estóica nos ensina para enfrentar esses dificies momentos de caminhada tortuosa. O expoente dessa maravilhosa escola de pensamento que quero detalhar hoje é o imperador Marco Aurelio, autor dos pensamentos descritos no livro Meditações. O livro funciona como se fosse um diário pessoal, o diário pessoal de um governante do maior império ocidental, e talvez o último governante virtuoso que este imperio teve. Por conseguinte, virtude é o tema central das meditações, não só como conquistá-las, mas como mante-las em comportamento retilíneo durante toda uma existência. Na vida o desafio de todo homem é cuidar de si mesmo, mas para Marco Aurelio, ele não só tinha este desafio, como o de governar todo um império; sua educação para isto foi impar, como é obvio, mas ele ainda assim, como todo homem, possuia duvidas e temores e as registrava em suas meditações. Meditações nesse caso, é o ato de conversar consigo mesmo, e baseado em seus predecessores, o imperador chegava em conclusões do que deveria fazer, ou qual seria o melhor curso de ação, o mais viável. Isso nos remete a ideia de que o conhecimento é algo construido por diversas pessoas em tempos diferentes, que sempre podemos e devemos aprender com o passado, para assim podermos construir o futuro, pois em todo seu escrito Marco Aurélio referencia seus mestres e recomenda que também o façamos, pois homem nenhum é autosuficiente e isolado. Durante seu trabalho Aurélio também discute, assim como seu mestre Seneca, a brevidade da vida e assertivamente discorre, que a morte é inevitável e é o tempo que temos antes de que ela nos abrace que deve ser aproveitado ao máximo. O lema estóico sobre a vida, não difere muito dos ensinamentos socráticos sobre a mesma temática, teremos eudaimonia (a boa vida, ou a felicidade), se conhecermos nossos próprios vicios e defeitos e tentarmos melhorá-los praticando as virtudes da razão e da boa temperança; e para Marco Aurélio isto era necessidade, ele deveria governar a si mesmo e governar aos outros, mas sabiamente, ele mesmo sabia que era falho como todos os seres humanos são, e antes de governar seu império se punha na busca do conhecimento para conhecer a ele e assim poder conhecer também seus patrícios. O imperador-filósofo, guiado pelas pétreas estoícas obteve grande sucesso, e seu império foi marcado por grandes vitórias e expansões, sempre buscando o equilibrio, pois ele é o que melhor governa as duas metades, o eu e o outro. Marco Aurélio, nos deixa de legado as suas ''Meditações'' para que possamos aprender com ele que a razão e a retidão é objetivo final de qualquer homem que deseja alcançar não só sua própria felicidade, como a de seu povo.

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